Crash – Colisão (Paul Haggis) – É um filme sobre racismo, mas um filme romântico sobre racismo (?!), porque feito sobre a perspectiva cartesiana de um Deus Bom (ver como o último plano tem uma tomada de câmara superior sobre mais um incidente mundano, buscando depois a skyline da cidade). O racismo, em si próprio, quase parece não existir. Existem os incidentes e as circunstâncias (como colisões), e a primeira pedra, para atirar numa disputa, é a da diferença, seja ela a da cor da pele, língua, cultura ou classe social. O realizador brinca com as situações e com o espectador, desmontando preconceitos nalgumas vezes e reforçando-os noutras (!), num sublinhado de ironia delicioso. Como interpretar que o polícia (aparentemente) racista acabe por salvar quem tinha molestado, e seja o bom polícia que acabe por matar um negro, ao erradamente antecipar um movimento suspeito? Como interpretar que o comerciante de origem Persa, dispare sobre o serralheiro latino que parecia ser o culpado de todos os seus problemas, e que as balas da sua arma sejam de pólvora seca, porque o armeiro branco se escusou a precisar esta informação ? E que com isto se salve uma vida inocente ? Não é determinista mas é compreensivo. Não é filosófico mas circunstancial. Afinal parece que todos se dão mal e todos se amam, dependendo das situações. RECOMENDO!
Sem comentários:
Enviar um comentário