Bad, bad Santa !

O verdadeiro momento em que o mundo se revela é na véspera de Natal. Depois das oito da noite sobram alguns transeuntes e umas confeitarias de portas entreabertas. O nosso saldo social, resquício do tempo em que nos catávamos uns aos outros vai desaparecendo ao minuto. Onde estão agora os sorrisos disfarçados entre mesas adolescentes? Onde está quem compartilhe o “atmosphere” debaixo das luzes cintilantes e gin tónico? Onde estão os poemas suicidáros que nos ficavam tão bem e agora são apenas ridículos ? Depois das oito vou definhando, iluminado pelas luzes de Natal que agora se tornam tão ridículas quanto o meu deambular. Enquanto noutras alturas idealizamos que existe sempre esperança em forma de alguém, este impiedoso dia revela todo o oposto do seu significado. Como o cão que fareja comida entre o lixo e o chão molhado, também não consigo ter pena de mim próprio. Bom Natal.

Senhora...

Quero agradecer às 35 pessoas a quem não vou oferecer prenda de Natal, a excelente oferta que me fizeram. Era mesmo o que estava à espera. Confusos ?
Estou a lançar um movimento em pirâmide, só que invertida !
Em vez de nos oferecermos 35 Ferrero-Rocher, Mon cheri ou pares de meias, decidi devolver esse valor à procedência, recusando a oferta. A boa notícia é que eu e os meus 34 amigos podemos oferecer-nos o que gostaríamos mesmo de receber ! E que vou fazer com este dinheiro todo? Talvez comprar umas dezenas de embalagens de Ferrero-Rocher !
Moral da história: A que pessoas ofereceram algo sem ser nas ocasiões festivas ? Tratem-nas bem.

Panda Delilah

Quem se lembrar do filme “Juno” e da sua prolífica banda sonora, recordará na voz de Kimya Dawson uma hipotética adolescência vivida ou sonhada.
Não tendo nada que ver, só me ocorre compará-la com a candura extrema que se ouve na faixa interpretada por Mo Tucker ( a improvável baterista dos “Velvet Underground”) em “I’m sticking with you/After hours”.
Não tendo nada que ver, reencontrei-a na voz de Kimya Dawson. Literalmente perdida entre a infância e a condição adulta, como atestam líricas explícitas ou temas para crianças (o último álbum chama-se “Alphabutt” e contém muitos “farts” !), Kimya usa a guitarra e a voz tanto como instrumentos de sedução como de puro gozo infantil.
E Para voltarmos ao início fez (faz) parte de um projecto “lo-fi” denominada “The moldy peeches” que volto a ligar aos “Velvet underground”, não tendo nada que ver, claro! Mas como tudo tem a ver com tudo, Kimya é mãe de uma menina chamada Panda Delilah.