Atrás do presente


Essa pena que sinto a ver velhas fotografias de gente desconhecida. Estamos sempre um respirar atrás do presente.
Nas fotografias de família dos anos setenta, no matraquear surdo das películas de super-8, nos discos de vinil, nos telemóveis da geração anterior. Os coletes de fazenda coçada comprada a metro e os anoraques de corte esquimó. Os relógios digitais com números de côr cinza tecnológica. Rádios despertadores a imitar placards de gare de comboios. Mais um pôr de sol a suspender o Verão. As camisolas do Mundial do México. Os brinquedos made in Taiwan.
O futuro não chega jamais, apenas vamos perdendo o presente.
Essa pena que sinto a ver velhas fotografias de gente desconhecida, sinto-a eu.


Imagem de "Aniki Bóbó" de Manoel de Oliveira.
Banda sonora do filme "Brazil-O outro lado do sonho" de Terry Gilliam (1985)-interpretação de Kate Bush.

Os homens do Presidente


Acaba de ser editada em Portugal, no formato DVD, a 2ª. Série de “Os homens do Presidente” ou “The West wing”, no título original. Trata-se de uma série ficcional, baseada no quotidiano do staff político do Presidente dos Estados-Unidos.
Inteligente, com muito ritmo, faz lembrar “a balada de Hill Street” na Casa branca. O ritmo é enfatizado por opções de tomadas de planos muito interessantes, travellings, etc. O Presidente é interpretado por Martin Sheen (democrata). Esta série chegou a passar na televisão Portuguesa comercial, mas como tudo que tem qualidade foi sendo arrastada para a madrugada.
Recomendo.

Meritíssimo Costa


Num tribunal, a forma de tratamento mais usada para nos dirigirmos a um Sr. Dr. Juiz é por "Meritíssimo". Acho que qualquer forma respeitosa seria o suficiente. A forma superlativa parece fazer descansar o Juíz que não temos dúvidas quanto ao seu mérito. Eu sei que um Juiz tem uma espinhosa missão, só desempenhada por Deus e Reis, de julgar um semelhante. E não pode dizer numa conversa "quem sou eu para julgar os outros?"
Já decidi que quando chamar o canalizador, Sr. Costa, óptimo profissional, e que não leva caro, lhe abrirei a porta com um sonoro "boa tarde, Meritíssimo Costa !".

A minha república por um telemóvel



Um dos candidatos à Presidência da República afirmou não ter telemóvel. Isto quer dizer que há hipóteses do único Português sem telemóvel ser Presidente. Salve-se o facto de nessa altura já ter meia dúzia de assessores com dois ou três destes equipamentos. Como se sabe, o Português tem uma relação íntima com o seu telemóvel e o dos outros (alguém perdoa que não se atenda?), ou será com ele próprio? Quando alguém liga, o mundo para de girar, pois alguém quer Falar-LHE! Pode ser um parente próximo hospitalizado de urgência, embora, felizmente, seja quase sempre um filho a pedir uns Euros extra. O Português pode estar no seu leito de morte, a levar a extrema unção do próprio Papa, que se a morte vier por telemóvel, ele atende. Mas não pensem que sou irredutível contra estes equipamentos. Nada disso. Há milhares de sopas quentinhas, feitas na hora, salvas graças a estes "nossos amigos"!

Venus in furs






Há por estes dias, um ponto amarelo no firmamento, para Oeste, que nos saúda ao anoitecer (ou ao amanhecer). Vénus deixa-se perceber algumas horas apenas. A sua órbita, interior à da Terra, precipita-o no ocaso, atrás do Sol. Umas horas mais tarde Marte segue na mesma direcção. Take it away, Frankie!

An der schonen, blauen Donau



No dia 28 de Julho de 2005, no decorrer da missão STS-114, a Comandante Eileen Collins efectuou uma manobra de rotação completa do space shuttle Discovery, de modo a exibir, à estação orbital Internacional (ISS), eventuais danos na nave. A manobra foi efectuada em modo manual, e demorou alguns minutos, com o planeta Terra em fundo "cinemascope".
Para ver manobra (modo acelarado) Clickar na foto - Banda sonora obrigatória - An der schonen, blauen Donau - Danúbio azul (johann Strauss).
Acho que o Stanley gostou !

Matosinhos by night !


A rua Brito Capelo tem este ano a iluminação de Natal mais original! Do Natal, gosto das iluminações. Candelabros insuspeitos da normalidade. Praça de província em dia de festa. Carroussel silencioso num filme neo-realista italiano. E mais o frio e a chuva.

Here we go, here we go. here we go !



Vi-te em Matosinhos, com a garrafa de champagne, enquanto a tua equipa cantava "Here we go, here we go, here we go!", em jeito de marcha de concerto promenade.
Ouvi-te nos soluços dos amortecedores do teu Subaru WRC. Vi-te na poeira da estrada que deixavas por trás.
Imagino-te numa quinta do Surrey, com o troféu de campeão do mundo por cima da Lareira.
Imagino-te a entrares no pub, com uma boina xadrez, a dares autógrafos aos netos dos que te admiraram.
Mas não foi possível.

Hei, Richard! Direita longa + +, 5a. a fundo ! (but you know, it's all useless.)
Richard Burns
1971 - 2005