Primavera Outono sounds

Jeff Tweedo (Wilco): You gained your money at 7 o'clock (hora a que tinham actuado Yo la Tengo).
Como tudo na vida, nada é perfeito. Mesmo um festival alternativo tem que fazer concessões, e no Primavera sound tal vinha com horas marcadas. Assim a um pôr de-sol Indie (ainda que com excesso de bandas americanas sobre as inglesas), sucediam-se noites mais síncopadas, no pior sentido do termo. Até o público parecia oscilar entre music lovers e outros em que a música (e um festival de música) é pretexto.
Das coisas boas vou lembrar a vista da pradaria até aos palcos, com gente e toalhas de merenda, os estrangeiros que visitaram a cidade, a boa disposição de Rufus, a teatralidade de Mercury Rev, a entrega de Flaming lips, o encantamento de solos de guitarra infinitos dos Yo la Tengo e o profissionalismo de Wilco e Yann Tiersen.
  
A concepção do festival foi brilhante (por vezes senti-me em Coachella) e a organização, profissional, apenas cometeu o erro capital de não ter antecipado o encharcamento do palco principal, que levou ao cancelamento de Death cab for Cutie. A melhorar: nenhuma iluminação nos acessos à zona ajardinada. Quanto ao cartaz, e percebendo a questão comercial, creio que com 4 palcos seria possível criar um reduto "não-dançável", após as 23 horas.
Melhor banda: Yo la Tengo;
Banda que prometo ouvir melhor após o festival: Beach house;
Banda que prometo não ouvir, embora competentes: The XX (M83, nem me dei ao trabalho);
Banda "o que estou aqui a fazer?": The rapture;
Banda "ainda bem que assisti": The Drums;
Banda desconcertante: Other lives;
Banda surpresa: Veronica falls.

Here comes the rain

Dia 3. Chuva. Veronica falls secos e Spiritualized molhados. Os primeiros parecem uma versão entre a candura dos famosos cinco e os pixies, com travos de Sonic Youth. Os segundos são shoe gazeres com raízes no rythm'n'blues. 
A chuva veio trazer o azedo ao doce, fazendo cancelar a banda por quem muitos ansiavam: Death cab for Cutie. 

Rock and roll

O festival Primavera Sound está agora em velocidade de cruzeiro. Um dia mais primaveril, mas com uma noite a arrefecer bastante.
Foi um fim de tarde com uma sequência avassaladora: Other lives, Yo la Tengo (os vencedores da noite, a fazerem lembrar os Velvet Ubderground até numa baterista a cantar em falsete); Rufus Wainright; Flaming lips - Foto - (bom, foi o único a fazer encores num festival com horas marcadas, mas o homem gastou dinheiro em balões, confetti, cheer leaders, gongos luminosos, mãos gigantes que emitiam lasers para uma bola de espelhos e até se apropriou de uma máquina de fumos) e Wilco. Depois foi jantar, tentar chegar aos beach house e deixar os M83 para quem gosta de dançar.    

Esplendor na relva

O Xaramaneco está no Primavera Sounds Porto...
Os palcos principais junto ao lago, paralelos, surgem como grandes naves espaciais, expelindo fumo e luzes, prontas a levar viajantes. Ambiente muito aprazível durante o dia, com o conceito festival de parque, a que as toalhas de merenda esprestaram um toque pitoresco. Muitos estrangeiros. Comida cara e proibição de a levar de casa para o recinto. À noite, a pouca iluminação, o cansaço (alguns) e a multiplicação de lixo (copos de cerveja) mostram o lado menos romântico.   
Musicalmente, dia 1 marcado pelas actuações de The Drums e muito especialmente por Mercury Rev. Yann Tiersen e Suede cumpriram. Vamos ao 2o.